Aqui tem notícia!

Sejam bem-vindos ao blog oficial da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Paragominas. Eu, Taís Fiorese, prometo postar notícias relacionadas à nossa cidade, com a credibilidade e a seriedade, marca do nosso trabalho. Alguns posts serão de notícias, outros de artigos assinados por mim. Espero que curtam e me ajudem com as notícias.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Paragominas é o primeiro município do estado a receber liberação de crédito do Programa ABC, do Banco do Brasil e ter propriedades desembargadas pelo Ibama


Linhas de crédito especiais para agricultura de baixo carbono e propriedades desembargadas já são realidade em Paragominas

Sérgio Suzuki (Ibama) e Osmar Scaramussa (produtor)
O produtor rural, Osmar Scaramussa festejou a saída de uma de suas propriedades da lista de “embargadas” pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais). O desembargo foi feito pelo próprio Superintendente do Instituto, Sérgio Suzuki, durante evento realizado esta semana no Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas. Scaramussa vinha tentando, junto aos órgãos ambientais, sair da listagem e agora vai poder continuar a desenvolver nesta área, o que já realiza em outras propriedades: uma produção de baixo impacto ambiental e de alta tecnologia.

Segundo Sérgio Suzuki, a iniciativa mostra que o governo federal está sensível às mudanças ocorridas no Pará e que essa não será uma ação isolada de Paragominas, mas será expandida para todo o estado. “Primeiramente, oito propriedades de Paragominas estão nessa lista de desembargo, mas esse é só o começo. O proprietário que estiver em dias com suas obrigações ambientais terá seu imóvel fora da lista”, afirma Suzuki. “O que estamos fazendo é liberando os imóveis que estão cumprindo com a legislação ambiental, na adequação de seus processos produtivos”, enfatiza o Superintendente.

Na foto, Maria Helena Brandão (produtora)
Também na ocasião, dois produtores, Jonacir Dalmaso e Maria Helena Brandão, assinaram os primeiros contratos do Programa BB ABC, que libera crédito de até R$ 1 milhão por beneficiário e por ano-safra a juros de 5,5% ao ano para a produção que utiliza a Agricultura de Baixo Carbono, técnicas agrícolas sustentáveis, que reduzam a emissão dos gases do efeito estufa (GEE). Segundo o Superintendente do Banco do Brasil no Pará, Rubem Hansen, realizar as primeiras operações de crédito deste Programa [BB ABC] em Paragominas é simbólico para o banco.

“A cidade é uma referência no estado em criar um modelo de produção sustentável, então, o BB dá as mãos a esses produtores acreditando neste novo modelo produtivo, de baixo impacto ambiental. Paragominas é apenas a primeira cidade a assinar os contratos, pois vamos levar a todo o Estado, priorizando os 94 municípios que estão inseridos no Programa Estadual Municípios Verdes”, explica Hansen.

Prefeito Adnan Demachki
O prefeito de Paragominas, Adnan Demachki destacou a responsabilidade ambiental assumida pelos produtores e pelo município e que, tanto os desembargos, quanto os créditos agrícolas vem em boa hora, já que a cidade passa por intensas transformações no seu setor produtivo. Anunciou o fim da atividade carvoeira, afirmando que a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente não vai mais liberar licenças de funcionamento para esses fins, “cortando de vez as amarras de um passado triste”.

Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, Mauro Lúcio Costa, o ponta pé inicial foi dado para a questão dos desembargos de áreas em Paragominas e em todo o estado, bem como a liberação de crédito agrícola. Ele explica que esses créditos serão voltados para todas as atividades produtivas de baixo impacto, não apenas para a agricultura apesar do nome do Programa. “O primeiro desembargo foi feito, então onde ‘passa um boi, passa uma boiada’ e acreditamos ser só o início de um processo de adequação dos produtores de Paragominas a um novo modelo de responsabilidade ambiental. O próximo passo é a regularização fundiária de todo o município”, finaliza Costa.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Paragominas será palco de mais uma grande conquista!


Financiamento
Será realizado em Paragominas, no nordeste do Pará, no próximo dia 20, a assinatura com o Banco do Brasil, para os primeiros financiamentos da Amazônia de ABC - Agricultura de Baixo Carbono. A proposta é financiar a produção de agricultores que adotarem técnicas agrícolas sustentáveis, que reduzam a emissão dos gases do efeito estufa – gás carbônico (CO2), gás metano (CH4) e óxido nitroso. A iniciativa é pioneira na Amazônia e os produtores de Paragominas serão os primeiros a serem atendidos, mantendo a cidade na vanguarda da sustentabilidade ambiental em toda a Amazônia.

Desembargo
No mesmo dia, o Superintendente do IBAMA no Pará, Sérgio Suzuki, vai realizar os primeiros desembargos de áreas do Pará. Como os produtores de Paragominas fizeram o “dever de casa” - cumprindo as metas de combate ao desmatamento, regularização do imóvel - o Ibama, com a participação do Ministério Público federal, vai retirar propriedades da lista cuja a utilização está proibida devido a irregularidades ambientais no passado.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Paratur

Hoje, 16, a partir das 15h30, o presidente da Paratur, órgão oficial de Turismo do governo do Pará, Adenauér Góes, estará em Paragominas para a solenidade de Entrega de Certificados aos concluintes dos cursos do Plano Emergencial de Qualificação Profissional, que será realizado no auditório Inocêncio Oliveira, do Parque de Exposições. Quase 60 trabalhadores receberão o certificado de qualificação nos cursos de: Qualidade no Atendimento, Camareira e Recepcionista de Hotel. Os cursos foram realizados em parceria com o SENAR.

Após o evento, o prefeito de Paragominas, Adnan Demachki se reúne com Adenauer, além da Associação Comercial, CDL, Sindicato dos Produtores Rurais, SEBRAE e hoteleiros do município para discutir ações de mitigação ao turismo. Para fechar a programação do dia, o presidente da Paratur irá fazer uma visita de cortesia ao Parque Ambiental. Amanhã, a agenda segue no Parque de Exposições de Paragominas e principais pontos turísticos da cidade, como Praça Célio Miranda e obra do futuro Lago.

Prefeitura de Paragominas e Hydro entregam certificado do Programa AlfaParagominas


Em uma noite pra lá de especial, a Prefeitura de Paragominas e a Mineradora Hydro entregaram ontem, 14, no Teatro Reinaldo Castanheira, do Espaco Cultural, o certificado de alfabetizacao para mais de 160 alunos atendidos pelo Programa AlfaParagominas, desenvolvido no municipio desde 2005.

D. Maria dos Santos Souza, uma mineira de 51 anos, estava há mais de 10 sem estudar. O maior desgosto da dona de casa e autonoma era não saber assinar o próprio nome. Com uma vida sofrida por causa de um marido alcóolatra, por muito tempo se anulou, mas buscou forças no único filho, José Cassemiro, de apenas 12 anos, para voltar a estudar e realizar o grande sonho de sua vida: aprender a ler e escrever.

"Mal conseguia assinar meu nome. Quando tinha de votar, por exemplo, tinha de colocar o dedo (impressao digital), era uma vergonha pra mim. Agora nao. Agora consigo escrever meu nome e isso me da muito orgulho", conta D. Maria Souza emocionada.

José Cassemiro esteve presente no evento para prestigiar a mãe e era só orgulho. “Estou na quinta série do ensino fundamental e quero ver a minha mãe estudando. Ela diz que sou um exemplo pra ela, mas ela que é o exemplo pra mim”, fala o menino.

Nery Pereira da Silva, outra concluinte do Programa AlfaParagominas, era só sorrisos. Ontem, ela teve a oportunidade de agradecer ao Programa, mostrando o que aprendeu durante o ano. Nery leu um texto inteiro de agradecimento e ainda disse que agora saiu das trevas do analfabetismo.

"Estou saindo de um quadro triste que e ser analfabeto. Nao sabia nem ler, nem escrever e agora comeco uma vida nova", relata.

Segundo a Secretária Municipal de Educação, Mozimeire Pereira, é hora de expandir o Programa "com mais afinco" pra zona rural que é onde estão a maioria dos analfabetos. Ainda de acordo com a secretária, a formatura da alfabetização é só o comeco de uma outra longa jornada, que é a continuidade dos estudos. "Temos um grande desafio toda vez que formamos uma turma de alfabetização, que é incentivar a continuidade dos estudos. Por isso, nossa equipe faz caminhadas nos bairros, um corpo-a-corpo junto a comunidade para nao perder nenhum aluno. O desafio é grande, mas a nossa vontade de crescer também", afirma Mozimeire.

Já o prefeito Adnan Demachki conta com orgulho que Paragominas tem seu índice de analfabetismo quase zerado, graças ao programa.

"Quando assumi meu primeiro mandato, em 2004, chamei a secretária [de educação] e falei que queria um programa que ajudasse a combater o analfabetismo. Naquela época fizemos um levantamento e descobrimos que haviam pouco mais de 8 mil analfabetos no município. Hoje, 7 anos depois, já formamos mais de 8 mil alunos. Isso significa que fizemos o dever de casa. Demos oportunidade e incentivos pra essas pessoas estudarem", revela Demachki.

A prefeitura, em parceria com a Hydro, disponibiliza exames oftalmológicos para aquelas pessoas com dificuldade de enxergar. Identificado o problema, também oferece óculos gratuitamente ao aluno atendido. Ja foram realizadas até cirurgias de cataratas em alguns casos mais graves. Além disso, os que continuam estudando, ganham desconto no IPTU.

Para João Elias, coordenador institucional da Hydro Paragominas, a cidade tem muito o que comemorar. Ele contou que nos anos anteriores, o Programa AlfaParagominas era tocado por pessoas de fora do municipio. "Este ano foi a primeira vez que uma turma se forma com profissionais da própria cidade, sem ter sido preciso importar mão-de-obra". Ainda de acordo com ele, o desafio maior é levar o Programa pra zona rural. "Em 2012 essa vai ser a nossa grande meta", completa.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Programa AlfaParagominas forma 160 alunos

Parceria
Programa AlfaParagominas forma 160 alunos

Cerca de 160 alunos que estudam nas escolas municipais das zonas urbana e rural, irão receber hoje, às 19h, no Espaço Cultural, o certificado de conclusão do Programa AlfaParagominas, que é realizado pela Prefeitura de Paragominas em parceria com a mineradora Hydro. Os alunos, a maioria idosos, enfrentaram muitas dificuldades para concluir o curso e vão comemorar hoje essa grande conquista.

O Programa AlfaParagominas funciona desde 2003 e já enviou para a Educação de Jovens e Adultos – EJA, mais de 8 mil alunos. Segundo o IBGE 2010, Paragominas ainda tem 8.440 pessoas entre 15 e 60 anos que não sabem ler e escrever e, diante desses dados, a Secretaria de Educação já firmou junto aos seus parceiros, a continuidade dele.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Salvando a Amazônia a partir da floresta

Matéria divulgada este final de semana por uma das principais Agências de Notícia do mundo, a Associated Press. Escrita por Bradley Brooks, o artigo já foi divulgado por mais de 160 sites do mundo, incluindo homepages na China, Europa e Estados Unidos, contendo entrevistas com Adnan Demachki, prefeito de Paragominas, Mauro Lúcio Costa, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, Paulo Amaral, pesquisador sênior do Imazon e Mauro Pires, do Ministério do Meio Ambiente. Acompanhe material traduzido na íntegra por Rogério Sousa:

Foto: Andre Penner (Associated Press)
 
Salvando a Amazônia a partir da floresta
Associated Press, by Bradley Brooks

Há apenas três anos, as queimadas eram tão fortes que a fumaça poderia apagar o céu e deixar o dia mais escuro. Olhando a floresta em chamas, toda a área era desmatada para deixar o pasto crescer.

As cinzas que caiam em cima da cidade-selva eram extremamente consistentes. Camadas de sujeira escondiam pedaços de madeira em brasa que queimavam os pés descalços das crianças que caminhavam pelas derivas de cinza.

Paragominas foi perdendo floresta mais rápido do que qualquer outro lugar na Amazônia.

Hoje, a cidade tem renascido daquelas cinzas para se tornar uma "Cidade Verde", um modelo pioneiro de sustentabilidade com uma nova abordagem econômica que viu o desmatamento ilegal praticamente desaparecer. Especialistas dizem que essa metamorfose é uma grande oportunidade de mostrar para os 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia que a floresta vale muito mais viva do que morta.

A transformação veio depois que o Brasil recriminou 36 municípios responsáveis pelos piores níveis de desmatamento na Amazônia. Um embargo econômico deixou a cidade com duas opções. Ela poderia lutar contra a mudança ou escolher um novo caminho e promover o desenvolvimento com o mínimo de danos ao meio ambiente.

O prefeito Adnan Demachki é o "guerreiro" ambiental que está dirigindo essa mudança, um advogado de 46 anos, gordo e de óculos que cresceu lá, e que foi prefeito de sua cidade quando ela foi uma das piores desmatadoras.

"Nossa cidade estava na 'lista negra' do governo", disse Demachki. "Não havia outra saída senão o caminho que escolhemos."

Seu plano para a "Cidade Verde" tem a intenção de acabar com todo o tipo de desmatamento ilegal através de uma combinação de ações estratégicas, a criação de uma força policial ambiental da Amazônia e o desenvolvimento de um modelo de economia que não dependa do desmatamento da floresta. Em vez disso, o foco está no desenvolvimento sustentável - utilizando o manejo florestal para a indústria madeireira e a introdução de modernas técnicas agrícolas para aumentar a produção, com menos terra.

No ano passado o sucesso Demachki lhe rendeu elogios de autoridades ambientais que outrora criticaram duramente sua cidade. Ele tem sido destaque nos maiores noticiários da TV brasileira, além de viajar por todo o país para espalhar o "evangelho" da sua Cidade Verde.

"Paragominas é um exemplo de como superar com êxito o desmatamento e iniciar a mudança para uma economia que conserva a floresta", disse Mauro Pires, diretor do departamento do Ministério do Meio Ambiente que combate a destruição da Amazônia. "Eles mudaram sua postura e seguiram por um caminho alternativo, o da convivência com a floresta."

A floresta amazônica é sem dúvida a maior defesa natural contra o aquecimento global, atuando como um absorvente gigante de dióxido de carbono.

Quando ela é desmatada, o mundo não só perde essa defesa como a destruição em si aumenta o problema. Aproximadamente 75% das emissões de dióxido de carbono do Brasil vêm do desmatamento da floresta, na forma de queimadas e derrubada de árvores. Isso faz com que seja liberado cerca de 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano, tornando o Brasil, pelo menos, o sexto maior emissor desse gás.

Quase 20% da Amazônia do Brasil tem sido destruída.

A destruição começou há cinco décadas, quando o governo brasileiro deu terra livre para aqueles que concordaram em desmatar 50% de sua área total e os incentivos não pararam até a década de 90. Infinitas ondas de migrantes seguiram, retirando o sustento da floresta. Lenhadores, fazendeiros e agricultores destruíram a mata nativa ao longo da fronteira sul da Amazônia, uma área de cerca de 4,2 mil quilômetros, na forma de arco de cabeça para baixo, que se estende entre as fronteiras ocidental e oriental do Brasil, equivalendo à distância entre Nova Iorque e São Francisco.

A crescente demanda econômica global de madeira de lei, soja e carne impulsionou o desmatamento na virada de década, atingindo um pico em 1995, quando cerca de 29 mil quilômetros quadrados foram arrasados. A maioria do desmatamento era contra a lei. Mas menos de 5% da terra é de arrendamento e a aplicação de leis ambientais é difícil quando as autoridades não podem provar quem é o dono.

A Amazônia é o tamanho do rio Mississippi e muito dela é selvagem, governada pela força das armas na ausência de instituições governamentais e legais. Mais de 1.150 ativistas rurais foram assassinados nos últimos 20 anos por pistoleiros contratados por madeireiros para silenciar as vozes que denunciavam o corte ilegal. Somente um punhado dos responsáveis ​​está na cadeia.

Sua grande extensão e natureza selvagem tornam impossível a aplicação das leis ambientais de modo uniforme. Sob a pressão do lobby agrícola do país, o Senado do Brasil aprovou uma lei na semana passada que iria afrouxar as leis ambientais. O projeto de lei deverá tramitar dentro de semanas.

O exemplo de Paragominas é significativo, dizem os especialistas, porque mostra que é possível convencer as pessoas a nível local que salvar a floresta deve ser seu maior interesse.

Em 2008, pela primeira vez o governo brasileiro definiu uma meta concreta para desacelerar a destruição da floresta, com o objetivo de reduzi-la a 5 mil quilômetros quadrados em 2017. Agentes de campo armados colocaram Paragominas e outros na lista negra dos 36 municípios, distribuindo multas enormes, confiscando rebanhos bovinos e fechando serrarias.

Em Paragominas, lar de cerca de 100 mil pessoas, os agentes federais fecharam cerca de 300 serrarias ilegais. A cidade perdeu 2.300 postos de trabalho dentro de um ano e o governo federal cortou os créditos agrícolas.

O governo de Paragominas sabia que tinha de mudar. Então, tomou uma decisão até então inédita na Amazônia: pediu aos grupos ambientais que muito haviam sido castigados a ajudá-lo a se tornar “verde”.

A estratégia foi revolucionária e ao mesmo tempo simples.

Ao contrário da mentalidade de cortar-e-queimar que por muito tempo governou o Amazonas, os proprietários de terras se voltariam para métodos básicos de agricultura e conservação que haviam sido usados ​​nos EUA desde o Dust Bowl de 1930. Eles utilizaram a rotação de culturas para manter o solo fértil, evitaram o sobrepasto, pararam de cortar mata nativa e, ao invés, plantaram árvores para usá-las na transformação de produtos de madeira.

Em suma, as pessoas foram obrigadas a seguir as leis ambientais para a produção de carne, grãos e produtos de madeira ao invés de depender do desmatamento ilegal.

Ao fazer isso, o modelo econômico mudou – de ilegal para legal. O destino da Amazônia está na diferença entre os dois.

Demachki chamou o presidente do sindicato de produtores rurais para ajudar a vender a ideia. Mauro Lucio Costa acredita que a maioria dos fazendeiros na Amazônia vê ambientalistas como inimigos, sendo o governo federal não muito melhor do que isso.
Não foi preciso muita persuasão.

Costa é um homem grande com uma grande presença, tendo seu chapéu de cowboy cor de areia e cinto com fivela de grandes dimensões como marca registrada. Ele tem uma potente voz e as mãos calejadas de um homem que lidou com o gado durante a vida inteira, assim como seu pai e seu avô antes dele.

Costa sabia que a pecuária era responsável pela destruição da floresta mais do que qualquer outra atividade. Como o pasto degrada, os fazendeiros criavam pasto novo através do desmatamento da floresta e jogavam fora as sementes de capim. Ele também sabia que o melhor jeito de mudar a situação era parar de culpar os fazendeiros e torná-los parte da solução.

"Falar da Amazônia sem lembrar daqueles que vivem aqui é utopia, é fantasia", disse Costa. "Você quer sustentabilidade, você fala de floresta intacta, mas se você fizer isso sem dar às pessoas um modo de sustento, você não tem chance de sucesso."

Juntos, tranquilizaram agricultores e pecuaristas locais que o projeto “Município Verde” lhes permitiria prosperar sem derrubar mais floresta.

O primeiro passo foi a assinatura do pacto “Município Verde” pelos líderes de todos os segmentos sociais do município, que formalmente concordaram em apoiar o objetivo de erradicar o desmatamento ilegal.

Em seguida os líderes buscaram uma parceria com o grupo ambiental norte-americano The Nature Conservancy, que trouxe a expertise e o know-how para executar o plano.

A equipe da Conservancy usou imagens de satélite para delinear fazendas do município e mapear os proprietários legalmente arrendados. Disseram a esses proprietários o quanto de suas terras ainda tinham floresta em pé e o quanto eles precisavam para replantar. Eles ensinaram os fazendeiros e os agricultores melhores técnicas para extrair mais da terra.

Mas foi uma peça de execução que quase descarrilou o plano do “Município Verde”.

Em uma manhã de domingo em 2008, apenas quatro meses da nova experiência, uma multidão tomou a frente do escritório dos agentes ambientais, onde 15 caminhões transportando torres maciças de árvores cortadas ilegalmente, confiscadas horas antes, foram alinhados lado de fora. Alimentada pela raiva e pela cachaça, a multidão incendiou o escritório e arrombou os caminhões para recuperar a madeira apreendida.

A multidão então se deslocou para o Hotel Indiana, disposta ao linchamento dos agentes federais por trás da ofensiva e de suas conseqüências: as serrarias perdidas, a madeira perdida, os empregos perdidos.

"Foi o nosso pior momento", disse Demachki. "Era como se os cidadãos quisessem voltar atrás, acabar com nosso projeto."

A polícia eventualmente dispersou a multidão e o prefeito passou horas ao telefone, chamando os líderes da cidade que haviam assinado o compromisso da “Município Verde”, exigindo que eles o encontrassem na Câmara Municipal na manhã seguinte.

Lá, ele levantou duas folhas de papel.

Uma deles foi um pedido de desculpas dirigido à nação brasileira que ele iria pessoalmente entregar ao Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, para que todos os presentes assinassem, redobrando a promessa de avançar como a única cidade da Amazônia a reduzir a zero a destruição da floresta até 2014.

Se eles não assinassem, ele ofereceu outra opção: sua renúncia, o que acabaria com o projeto e com qualquer chance da idéia se espalhar.

Eles votaram pela Amazônia.

Quatro dias mais tarde, o ministro do Meio Ambiente do Brasil viajou para a cidade a convite Demachki e pessoalmente desligou duas serrarias ilegais cujos proprietários foram vistos no incêndio criminoso. Depois disso, conquistar o apoio dos moradores de Paragominas foi mais fácil.
Costa, sócio de Demachki no plano de “Município Verde”, é filosófico sobre a rebelião.

"A Amazônia é um paraíso para aqueles que vivem em Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro ou São Paulo. Mas é um inferno para aqueles que vivem nela", disse ele. "É difícil dizer a um homem pobre vivendo na Amazônia ‘aquela árvore é linda, é uma maravilha da natureza’ e depois ele ter que ir para casa para crianças chorando porque estão com fome."

O desespero deixa as pessoas à mercê de lenhadores ilegais que vão pagar pela árvore de um homem pobre. Sabendo disso, Demachki adicionou ainda outro braço de execução ao arsenal de ferramentas: a primeira polícia ambiental da Amazônia.

Atualmente a Imazon, uma agência de vigilância ambiental, utiliza imagens de satélite para detectar qualquer novo desmatamento e passa as informações sobre a cidade à nova polícia ambiental, dirigida por Felipe Zagalo. Ele atente as ocorrências, aplica multas e envia relatórios a funcionários federais. O fato de ele ser morador de longa data de Paragominas e conhecer as pessoas que está confrontando faz seu trabalho mais fácil.

"Muitas vezes, quando eu enfrento um proprietário de terras sobre uma infração, eu recebo um pedido de desculpas", disse Zagalo. "Eles sabem que o que fizeram é errado. Eles também sabem que não há lugar para se esconder mais."

Paulo Amaral, pesquisador sênior do Imazon, que estudou a Amazônia por 20 anos, está convencido de que a maré está virando. Esta semana, o governo brasileiro anunciou os menores índices de desmatamento anual da região desde o início do mapeamento em 1988.

"Este é o melhor modelo que temos já implementamos, tornando o combate ao desmatamento uma questão local", disse ele. "É a resposta duradoura para parar a destruição."

Paragominas foi a primeira cidade a ser removida da "lista negra" do governo federal sobre municípios em que o desmatamento acontece. Em março, Paragominas se tornou o modelo de um programa estadual “Município Verde”, com cerca de 90 municípios inscritos até agora.

A destruição da selva em Paragominas ultrapassou pouco mais de 165 quilômetros quadrados em 2008, de acordo com o Imazon. Isso representou uma queda de 1200 quilômetros quadrados no ano passado, uma queda sem precedentes, que ajudou a cidade a ganhar o prêmio Chico Mendes, o mais prestigioso prêmio ambiental do Brasil.

A cidade tem recuperado todos os postos de trabalho que perdeu e acrescentado novos, em grande parte através da promoção de uma indústria de madeira que se baseia em manejo florestal.

A questão hoje é se o projeto pode ser replicado. Alguns pensam que Paragominas é uma anomalia, um lugar que viu a combinação perfeita de extrema pressão do governo federal e de líderes locais dispostos a fazer uma mudança radical.

Amaral espera que os resultados em Paragominas possam convencer os outros de que o trabalho com grupos ambientais é o melhor caminho a seguir.

"Nós agora podemos mostrar às pessoas que este modelo funciona no mundo real. Antes, era apenas teórico", disse ele. "Outras cidades do Pará estão vendo que Paragominas está se beneficiando ao combater o desmatamento, que eles estão prosperando trabalhando dentro da lei."