“Estou triste porque vou ficar três meses afastada
de meu filho, mas ao mesmo tempo, com o coração pulando de tanta emoção e
felicidade porque agora sei que ele vai ter uma chance de voltar à sua vida”,
esse é o relato de dona V.L.C, mãe de um dos primeiros jovens a ser atendidos
com o programa de tratamento anti-drogas na Fazenda Esperança, uma das ações do
Pacto Contra as Drogas firmado há um pouco mais de um mês em Paragominas, no
nordeste paraense.
Como é comum no relato de parentes e,
principalmente pais que vivem o dilema de terem seus filhos refém das drogas,
dona V.L.C não quer ser identificada porque diz que as pessoas ainda tem muito
preconceito e confundem o vício “com falta de caráter”. “Cansei de ouvir que
meu filho era um ‘sem vergonha’, mas eu sou a mãe dele e sei que ele não é
assim. Ele é uma pessoa boa, de bom coração e não merecia a vida que estava
levando. Por isso, quando soube que Paragominas ia instalar uma casa de
acolhimento que iria cuidar de casos como o meu, tratei logo de procurar”,
afirma a dona de casa.
Segundo a Coordenadora do CREAS AD, Tatiane
Rodrigues, em um mês 26 famílias já foram atendidas pela equipe de assistentes
sociais, tudo através de demanda espontânea, ou seja, as famílias estão
procurando ajuda na Secretaria de Assistência Social. Esta semana, duas pessoas
foram levadas à Fazenda Esperança, um dos locais de tratamento credenciados
pela Rede de Assistência, que é uma comunidade terapêutica de recuperação de
dependentes químicos.
“Percebemos que são pessoas, principalmente mães,
que já estavam desesperadas, sem saber pra onde recorrer e que já tentaram de
tudo para recuperar os filhos. Nos casos de internação, a pessoa precisa querer
e escrever uma carta de próprio punho falando os motivos que levou a essa
atitude”, relata a coordenadora.
A Assistente Social Gisele Vasques explica que o
atendimento é feito de forma individual com o usuário e a família. Ela explica
também que não adianta somente a família querer o tratamento, ela precisa
convencer o drogadito a querer também. Até agora, os resultados estão dando
certo porque 100% das famílias que procuraram a rede de assistência conseguiram
levar os dependentes para a primeira conversa. “Na triagem, identificamos que
quatro pessoas precisavam de internação. Desses quatro, dois já foram e os
outros dois, estamos no processo de convencimento. Uma curiosidade que
percebemos é que a maioria das pessoas que estão nos procurando são do sexo
masculino”, conta Gisele.
Mas, a Rede de Assistência do Pacto Contra as
Drogas trabalha em outras frentes, como na prevenção. Segundo a pedagoga Ângela
Morais, as palestras nas escolas estão surtindo um resultado muito positivo.
Segundo Ângela, após as palestras, os atendimentos “bombam”. “Esta semana
fizemos duas palestras, uma na Escola Belarmina Fernandes, para alunos de 15 a
18 anos e a outra na Escola Hilda Oliveira Sá, para jovens de 7 a 14 anos. É
impressionante como a maioria tem relatos de problemas com álcool ou droga
ilícita dentro da família ou até mesmo dentro de casa”. Ainda de acordo com a
pedagoga, está prevista para esta semana, palestras na zona rural, para a
comunidade Alta Floresta envolvendo cerca de 120 famílias.
A
Assistente Ângela Assunção conta que na próxima semana, a equipe já vai
realizar a terapia com os usuários e a terapia familiar. “A Casa de Acolhimento
abriu suas portas há uma semana e a demanda tem sido grande. Ainda estamos
montando-a com móveis e o aparato necessário para atender a população, mas já
estamos em funcionamento e todos que tem nos procurado saem orientados e com a
esperança renovada, o que deixa a equipe motivada e feliz.”, afirma.
Para a Secretária de Assistência Social do
município, Dyjane Amaral, o problema com drogas era mais sério do que se
imaginava e que realmente Paragominas precisava de um Pacto como este para
atender essa demanda silenciosa. “Notamos que a população clamava por esse
projeto”, afirma Dyjane. A secretária ainda conta que já foi escolhido o nome
deste local de acolhimento à família e ao usuário, chama-se Casa AMAnhecer. O
nome e o conceito foram escolhidos através de concurso interno com alunos do
curso de Design, da Universidade Estadual do Pará (Uepa), por meio de parceria
entre a universidade e Prefeitura. “A participação popular aqui em Paragominas
e o comprometimento com o Pacto renderam ótimos resultados e belas parcerias.
Sabemos que essas ações só vão aumentar”, afirma Dyjane Amaral.
Segundo dados da Polícia Civil, desde que o Pacto
foi firmado, 8 pessoas foram presas por tráfico de entorpecentes e 6, por
consumo de drogas.
Serviço: Casa de Acolhimento, Rua São Paulo, 81, atrás da
Igreja Católica. Telefones: (91) 3729-8054/ 8332-8395
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