Sou formada desde 2006 pela Universidade Federal do Pará, pelo curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na época em que jornalista mesmo era o diplomado. Quando entrei na universidade, só existia o curso da Federal para Jornalismo e eram ofertados apenas 30 vagas. No vestibular, concorri com 17 pessoas e fiquei em 24º lugar, ou seja, quase não passo. Meu pai ficou arrasado quando viu que sua única tinha escolhido essa profissão. Dizia ele: "Jornalismo não dá dinheiro". Antes de passar na Federal, passei em Publicidade e Propaganda na Unama, mas não tínhamos grana para bancar o curso. Era o meu primeiro vestibular e eu tinha passado. Liguei toda feliz pro meu pai para lhe contar a boa nova. Sabem o que ele me disse? "Qualquer burro passa na Unama!". Fiquei ARRASADA. Mas, sabem de uma coisa, não sei se ele me falou aquilo como uma maneira desesperada de dizer que não podia pagar ou pra me incentivar, de uma forma tosca, a estudar e passar na Federal.
Sabem porque estou contando essa história? Não é para me gabar que sou formada, etc e tal. É para dizer que não foi fácil chegar até aqui, como muita gente aqui em Paragominas pensa. Já ouvi absurdos porque tenho curso superior. Já me disseram que o meu diploma não serve pra nada. Eu fico triste, mas lamento porque o meu diploma é o sinal que minha família e eu valorizamos a educação. E eu lutei para tê-lo e tenho orgulho disso. Estudei dois anos da minha vida em uma escola pública, em Belém, então, sei exatamente o que é chegar na sala de aula e não ter professor para ensinar. Ou se tem, não tem comprometimento. Sou de uma família de professores. E, talvez por isso, respeito tanto essa profissão, apesar de não ter vocação para tal. Meu pai e meu irmão mais velho são professores de português, formados em Letras, o primeiro habilitado em Inglês e o segundo, em Espanhol. O meu segundo irmão, Rogério, é professor de Física e Doutor em Educação. O Davi, o terceiro, é engenheiro florestal e mestre em Ciências Florestais. Vejam, só eu sou a única que não dei continuidade aos meus estudos.
Contudo, estou aprendendo a cada dia aqui em Paragominas, numa cidade que nunca imaginei morar. Fui trazida pelo coração, visto que meu ex-marido trabalhava aqui e, como recém-casada, era o meu dever de esposa acompanhá-lo. Nos divorciamos e continuo aqui porque foi nesta cidade que aprendi o verdadeiro significado da palavra lealdade, amizade, admiração e PROFISSIONALISMO. Tenho orgulho de trabalhar com quem trabalho porque são pessoas que admiro de verdade, sem que para isso precisem me "bajular" ou molhar a "minha mão". Mesmo quando fui trabalhar na TV Liberal, sempre tive o cuidado com as matérias que fazia para não cometer injustiças, visto que essa cidade é modelo para o resto do Pará.
Vivi em Belém 25 anos da minha vida e hoje vejo a balbúrdia que se transformou aquele lugar. Mendigo e crianças nas ruas, violência por toda a parte. Sinto-me privilegiada em viver aqui e ter sido tão bem recebida.
Fico muito triste e até revoltada quando vejo estampada matérias caluniosas e injustas sobre essa administração e sobre a cidade. Somos exemplo, gente! E isso não sou só eu que digo. Claro que temos de mostrar os problemas. Mas, o jornalismo sério e comprometido eu aprendi na universidade com a professora Regina Alves, me ensinou que devemos ouvir SEMPRE os dois lados e apurar todas as informações que nos são repassadas. O jornalismo precisa estar a serviço da comunidade, servir para melhorar alguma coisa e não só esculhambar. Por que, pergunto, o jornalista não volta no lugar onde ele denunciou um buraco, por exemplo, pra ver se ele foi tampado? São poucos os que fazem isso!
Estive em Brasília com o prefeito na última semana e vi o quanto somos respeitados; e quantos municípios Brasil a fora queriam estar na nossa situação. Mas, sabemos que não foi fácil estar neste patamar. Muitas mãos fizeram esse, que é um dos mais prósperos municípios paraenses.
