Aqui tem notícia!

Sejam bem-vindos ao blog oficial da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Paragominas. Eu, Taís Fiorese, prometo postar notícias relacionadas à nossa cidade, com a credibilidade e a seriedade, marca do nosso trabalho. Alguns posts serão de notícias, outros de artigos assinados por mim. Espero que curtam e me ajudem com as notícias.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Paragominas, grata surpresa

Amarílis mediando debate, na Feira Pan Amazônica, em Belém

Quando fui convidada a proferir palestra em Paragominas, franzi a cara. Quê, vencer rumas de estradas, cinco horas, numa van? Mas fui, a van confortável, se não entupida de um material de uma trupe de teatro de marionete, o “Bricabraque”, que alegrou o 1º Salão do Livro de Paragominas. Mesmo assim, a viagem foi tranqüila, eu no banco da frente, ao lado do Paulo Ivan, atento, paciente, o cauteloso motorista do veículo, responsável por uma viagem até repousante. E, lá fomos, mais os do “Bricabraque”, Francisco, o diretor e mentor do grupo, Vanessa, Gabriel, John e Malu, eles enfiados entre seu mar de objetos.

Parênteses para dizer do esforço desses artistas que movem os fios de um mundo de faz de conta, lindinho, uma perfeiçãozinha, os bonecos, lindeza à parte, arte em papel machê. Linda, a concepção e encarnação dessas personagens, as vozes, o fundo musical, as músicas incidentais, a iluminação do cenário, o colorido dos jogos de luzes, a adaptação do texto de Esopo, os efeitos cênicos. Já em Paragominas depois da trabalheira da montagem do palco, pais, mães, gurizadas, netos e bisnetos curtiram o espetáculo. Tudo bem e bom no “Bricabraque”, apesar da necessidade de menos didatismo, de lição de moral explícita, de advertências morais, algo que os infantes não percebem muito, o que se daria com maior proveito, se expresso no fluxo da ação dramática. Abri parênteses, porque se trata, no Pará, do único grupo dedicado ao teatro de marionete, seus mantenedores a dar duro, a labutar na marra, um grupo que necessita de apoio e estímulo, que precisa ser admirado pela beleza do espetáculo e pela carência de artistas dedicados ao antigo ofício.

Fechado os parênteses, atravessamos rumo ao Pará-nordeste, a estrada ótima, péssima só no trecho perto de Belém entre o município de Santa Izabel e a Vila de Americano. Por que o sacrifício dos sacolejos perto da capital? Descaso, inoperância, administração falha?

Atravessa-se até Paragominas, o olhar preso a uma triste constatação. Os municípios atravessados abrem uma paisagem inóspita, calcinada, as margens da BR-010, a Belém-Brasília, repletas de queimadas, mata esturricada, prova de deseducação ecológica e de que esses locais não contam com projeto de arborização, manifesta o descaso ante o desflorestamento crescente da Amazônia, alguns lugarejos tinindo, escaldando, o povo queimando à falta de um verde mínimo, de uma pálida rama contra o calor e a inclemência do sol. O que se vê são descampados sem fim, belas visadas a perder de vista, é certo pastos intermináveis, o belo feio da morte da Terra, pasto onde dormita boi escasso e magro. Pra quê tanto descampado, tanta flora destruída, tanta natureza morta, enjeitada, desprezada, tratorada, para nela se plantar o desalento de diminutos rebanhos? Passa-se estrada e, é essa a realidade. Os caras desmatam tudo. Não vêem bois apinhados sob raras sombras. Em alguns municípios plantaram uns eucaliptos, umas palmeiras imperiais que amargam falta de trato.

E chega-se a Paragominas, à surpresa, árvores meio crescidas ou a crescer por todo canto, a cidade a verdejar, a atmosfera pujante, saudável. Um adendo: não sou amiga nem de bom dia do prefeito, cujo nome desconheço. Reporto-me ao que vi, senti: uma promissora, cuidada, atrativa Paragominas, que deveria ser espelho de boa administração. Se eu fosse o governador Jatene, dava uma prensa nos prefeitos que abandonam seus municípios ao que der e vier. Organizava-lhes um estágio de lição de vergonha na cara, uns dias de permanência em Paragomninas. “Vamos lá, prefeitos, ver como renasceu um município-problema”, caso de Paragominas.

A cidade nasceu quando Juscelino Kubitschek, em 1958, pediu a Magalhães Barata, governador do Pará, doação de terras ao usufruto de um grupo de mineiros e goianos desejosos de viver no Pará. Barata cedeu mata fechada, parte de São Domingos do Capim e de Viseu. Tudo foi projetado, o traçado da cidade por arquitetos paulistas e o nome do lugar que, em 1965, elevou-se a município de Paragominas. só que, em poucas décadas, devastara 8,4 km² da floresta. Caiu em lista negra, foi punido. Amargou fracasso. E deu-se um pacto firmado por um lúcido prefeito em defesa do desmatamento zero, intento alcançado. Hoje, ali, há ruas limpas, asfaltadas, rótulas respeitadas, transito ordeiro, administração atuante. E árvore, árvore. Imaginem que a prefeitura comprou um Parque quase pronto, de herdeiros. São 12 mil hectares com alamedas, arvoredo, animais livres, ao centro um belo lago com pedalinhos gratuitos à população que frui do recanto, uma das sete maravilhas do Pará, por eleção popular patrocinada por O Liberal.

O Salão do Livro abrigou-se no parque e é flagrante o orgulho na face da população que ajuda a cuidar do espaço. Paragominas devia ser modelo até a Belém, espelho da inconsciência de devastar, não cultivar. O Salão brilhava em Paragominas, eu surpresa com a pujança do município que venceu, matou o atraso.

Amarílis Tupiassú é doutora em Letras

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito importante, senão a internet perde sua interatividade!