Na mesa, parceiros do Projeto |
O projeto “Paragominas Município Verde” foi o tema central da
mesa redonda realizada na noite de quarta-feira (7) durante o I Salão do Livro
da Região, evento promovido em Paragominas pelo Governo do Estado do Pará e
Secretaria Especial de Promoção Social, por meio da Secretaria de Estado de
Cultura (Secult), em parceria com a Prefeitura de Paragominas, através da
Secretaria Municipal de Cultura.
Coube ao prefeito Adnan Demachki apresentar aos presentes um
histórico do projeto, surgido em 2008, quando Paragominas foi incluída na lista
dos municípios amazônicos que mais desmatavam a Região. “Ficamos como um
cidadão que está no SPC ou Serasa, totalmente sem crédito. Em um espaço de 15,
20 dias parecia que o mundo desabava sobre nossas cabeças. Ninguém queria mais
negociar com o município”, lembrou o gestor.
A situação adversa gerou inúmeros protestos. Os primeiros que
reclamaram da situação foram os agricultores, que não estavam conseguindo
escoar a produção de soja. Depois, os pecuaristas também foram atingidos, pois
nenhum frigorífico queria comprar o gado local. Diante do problema, restou ao
executivo municipal mobilizar a sociedade e mostrar a importância de se
trabalhar de forma sustentável. “Chamamos todos os sindicatos e depois de uma
longa reunião firmamos o Pacto pelo Desmatamento Zero”, relatou Demachki.
O pacto consistiu em uma série de medidas para zerar os passivos
ambientais do município. Dentre outras ações, passou-se a monitorar o
desmatamento, capacitar agentes ambientais, promover a educação ambiental e
ampliar áreas de reflorestamento e de manejo florestal para adequação ambiental
e o uso sustentável da floresta nativa. Com isso, em 2010, o município foi o
primeiro a sair da lista negra do desmatamento do governo Federal.
Origem do desmatamento
Paragominas é um município com 2
milhões de hectares, dos quais 1,3 milhão é composto por florestas e 600 mil
por terras abertas. O desmatamento foi ocorrendo nas últimas décadas e está
relacionado com a própria origem do município. Foi no governo de Juscelino
Kubitschek, no fim da década de 50, à época da construção da Belém-Brasília,
que Paragominas foi surgindo às margens desta rodovia.
O governo Federal, que queria integrar a Amazônia ao restante do
Brasil, ofertou recursos para que se abrisse a floresta. “Houve uma política
pública que incentivava o desmatamento. Fizemos pastagens, que foi a nossa
primeira atividade econômica. Na época não tinha a preocupação com aquecimento
global ou mudanças climáticas”, ressaltou o prefeito de Paragominas.
Esta realidade ficou para trás e hoje o município está
mobilizado para garantir que o pacto firmado há quase cinco anos continue
rendendo frutos. E o caminho agora é o de viabilizar o crescimento vertical da
produção. “A idéia, por exemplo, não é mais somente a de produzir milho e
exportar, mas sim abrir fábricas de ração. Já temos uma unidade desta e outra
está em construção”, informou Demachki.
O projeto iniciado no município foi abraçado pelo governo do
Pará, que criou um programa para ser desenvolvido em todos os municípios do
Estado. Atualmente, 94 municípios paraenses participam da iniciativa.
Além do prefeito de Paragominas, participaram da mesa redonda
Justiniano Neto, Secretário Extraordinário de Governo para a Coordenação do
Programa Municípios Verdes, Hugo Schaedler, Superintendente do Ibama no Pará,
Francisco Fonseca, coordenador de produção sustentável da The Nature
Conservancy, e Mauro Lucio Costa, presidente do Sindicato de Produtores Rurais
de Paragominas. A mediação do debate foi do pesquisador do Imazon, Paulo
Amaral.
Texto: Cláudia Águilla (Ascom/Secretaria de Estado de Cultura do Pará)
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