Marupiara: exemplo de pecuária sustentável

Foram mais de 2 horas de viagem pela PA-256, que por sinal, está em péssimas condições e vai ficar pior por causa do período chuvoso. Passamos também por estradas vicinais, estradas particulares e pegamos uma balsa para atravessar o rio Capim. Mas, chegando lá, no nosso destino final, o “sofrimento” valeu à pena. A vista é linda!

Na entrada, um corredor ecológico com espécies nativas da região amazônica. Nos pastos, mais árvores para dar sombra as mais de 2 mil cabeças de gado. São 4350 hectares de área e apenas 20% disso é utilizado, ou seja, apenas 880 ha. Fazendo um comparativo, isso significa que Mauro Lúcio deixou de produzir em 4350 campos de futebol, para criar seus boizinhos em apenas 880 campos! Isso porque o Código Florestal Brasileiro exige que propriedades localizadas na Amazônia, preservem 80% de área, como Reserva Legal. Mas, isso já está mudando com o macrozoneamento ecológico e econômico do estado e o microzoneamento do município, passando a valer a antiga lei dos 50% (antes, o produtor era obrigado a abrir metade do imóvel rural para conseguir financiamentos dos bancos e incentivos do governo).

Mauro Lúcio foi considerado doido quando começou a criar seus bois em apenas 20% da sua área, isso há mais de dez anos. Hoje, a loucura virou exemplo de pecuária sustentável. Mas, apesar de ele conseguir uma boa produtividade, cerca de 2 animais e meio por ha quando a média estadual é de meio, diz ser muito difícil financeiramente manter esse, que já virou um ideal profissional. Para garantir essa grande produtividade, precisa corrigir o solo, fertilizá-lo, já que a terra amazônica é muito pobre. E a fertilização tem um custo muito alto.

Mesmo com tudo isso, ele não desiste e acredita que tudo vai melhorar, ainda mais que Paragominas é considerada, desde março de 2010, área prioritária de investimentos na Amazônia. No final do ano, o cofre dos bancos públicos que estavam fechados “à sete chaves”, foram abertos por causa da saída de Paragominas da lista dos municípios que mais desmataram a Amazônia. Um bom sinal não só para pecuaristas, mas para produtores em geral.

A gente chega lá e não dá vontade de ir embora. É tudo muito organizado, nunca vi nada igual. É a cara do Mauro! As casas dos funcionários são melhores que a minha! Todos os funcionários são legalizados, com carteira assinada e recebem casa e comida sem pagar a mais por isso.  

Também fizemos um sobrevôo de helicóptero, Jacó e eu, e, lá de cima, tivemos a noção do tamanho da Reserva Legal. E dá um enorme orgulho de ver aquela floresta toda em pé, sem ter sido tocada! A Amazônia agradece a consciência de produtores como o Mauro. E prova que dá sim pra fazer pecuária sustentável, ou seja, sem que seja preciso avançar na floresta.

Reza a lenda amazônica, que o índio é chamado Marupiara quando consegue uma boa caça. Do tupi-guarani, Marupiara também significa feliz na pesca e na caça ou lugar de pessoas felizes ou reunião de pessoas felizes. Significados à parte, a fazenda Marupiara reúne tudo isso e que podemos resumir em uma palavra: prosperidade.